A China está espionando os EUA pelo TikTok?

Se você está vivendo a quarentena e usa as redes sociais, com certeza se deparou com a moda desse momento, o TikTok. Essa rede social chinesa virou moda no mundo todo, entre celebridades e anônimos, com vídeos de dança, dublagem, geralmente muito engraçados, que fez com que as pessoas se divertissem produzindo conteúdo dentro de casa. Mas, por trás disso tudo, surgiu uma grande polêmica: a China está espionando os EUA pelo TikTok?

Com cada vez mais pessoas acessando a plataforma, as atenções do presidente norte-americano Donald Trump se voltaram para o aplicativo desenvolvido pela ByteDance. A empresa tem sede em Pequim, na China, que teria fortes relações com o governo chinês.

Mas como o TikTok atraiu tanta gente e como essa polêmica foi formada? Vale lembrar que quando um usuário tem mais de mil seguidores, ele também pode fazer transmissões ao vivo para seus fãs e aceitar presentes digitais que podem ser trocados por dinheiro. Esse formato de doações é visto em muitas outras plataformas de transmissão ao vivo, como YouTube, Twitch e Facebook Gaming. Porém, na plataforma chinesa esse formato ficou bastante atrativo. 

Mas como o TikTok cresceu tanto?

O aplicativo TikTok não é tão novo quanto o pessoal pensa. Ele foi lançado como protótipo em 2014, com o nome de Musical.ly, tendo sua versão oficial lançada em 2016. O formato era bem parecido com o de agora. Ele, inclusive, já havia alcançado o topo de downloads da loja de aplicativos da Apple na época.

A sede da empresa do aplicativo também era na China, mas tinha escritórios no EUA. Este crescimento abriu os olhos da ByteDance, que em 2017 o comprou por 800 milhões de dólares, encerrando, assim, o Musical.ly e transferindo todos os perfis da plataforma automaticamente para o TikTok. 

E o sucesso permaneceu. Desde 2019, o TikTok tem se mantido no topo dos rankings de downloads, seja na loja da Apple ou do Google. Nesta pandemia da Covid-19 teve um aumento no interesse, levando o TikTok e seu aplicativo irmão Douyin (disponível na China continental) a um número estimado de dois bilhões de downloads em todo o mundo, com cerca de 800 milhões de usuários ativos.

O Brasil é o quinto país com mais usuários do aplicativo. A sua frente estão a Índia (agora com proibição em Délhi), China, seguida pelos Estados Unidos e Indonésia, respectivamente. 

De alívio na pandemia à tensão de política internacional

Se por um lado as pessoas buscavam o TikTok para se alienar e distrair de todo o caos internacional em meio à pandemia, do outro acabaram entrando justamente no meio de uma briga de política internacional. 

Enquanto as pessoas ficam em casa se divertindo, dançando em casa, dublando artistas famosos, fazendo brincadeiras com os pais e avós, mostrando seus bichos de estimação, políticos e donos de empresas chinesas e norte-americanas trocam farpas. 

Com o crescimento exponencial do aplicativo, empresas dos EUA abriram os olhos e tentaram a sua compra ou até mesmo bater de frente com essa sensação. O primeiro foi o Facebook, que por meio da sua rede social Instagram, criou o Reels para ser um rival da rede chinesa. Falamos sobre isso aqui anteriormente.

Mas isso não é somente uma guerra de maiores aplicativos, com foco na quantidades de usuários que cada um pode ter. A situação envolve a coleta de dados por parte do aplicativo chinês. O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, alegou que os usuários do TikTok correm o risco de seus dados acabarem “nas mãos do Partido Comunista Chinês”.

Por outro lado, o TikTok insistiu que os dados são coletados e armazenados fora da China. Porém, o alerta da coleta de dados, que até mesmo o Facebook faz, é fundamental.

Quais dados o TikTok coleta?

Em todo aplicativo que baixamos, temos de assinar virtualmente um termo de responsabilidade, afirmando que estamos sabendo da política de dados da empresa. Entretanto, é raro que as pessoas leiam isso. E sim, o TikTok coleta uma grande quantidade de dados sobre seus usuários, incluindo quais vídeos são assistidos e comentados, modelo de telefone, dados de localização  e sistema operacional usado. Até mesmo o ritmo de digitação dos usuários ao usar as teclas é coletado. 

E isso gerou dúvidas. Até mesmo a famosa função de copiar e colar dos celulares estaria sendo observada. Entretanto, se formos observar, essa é uma prática comum entre todos os aplicativos, inclusive norte-americanos. Então, o que teria por trás de tudo isso? 

Trump e a imposição de venda do TikTok

O presidente dos EUA, Donald Trump, ressalta que não se opõe à aquisição do TikTok pela Microsoft e que proibirá o serviço nos Estados Unidos no dia 15 de setembro se não houver acordo de venda até a data.

O alerta da coleta de dados fez com que Trump utilizasse disso para forçar a compra da instituição chinesa pela gigante da tecnologia dos EUA. A Microsoft ressalta que a atual experiência dos usuários do aplicativo será mantida, mas com segurança e privacidade adicionais. Os dados, principal motivo da suspeita, seriam transferidos para os Estados Unidos e permaneceriam por lá, excluindo todos os dados mantidos fora do país. 

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